O setor de armas intercontinentais recebe muita atenção, mas ouvimos muito pouco sobre as pessoas em uma área devastada pela guerra que ajudam outras pessoas em outra área a caminhar em direção à paz.
A luta na América Central vem se arrastando há décadas. Em maio de 1989, publicamos um perfil do ativista guatemalteco Eliezer Cifuentes, que escapou por pouco de uma chuva de balas e foi forçado a se exilar na Costa Rica. Lá, ele lutou contra os tigres do ódio em seu próprio coração contra os militares, a quem culpava pelo atentado contra sua vida, e contra os EUA, que ele achava que os estavam apoiando". Ele decidiu voltar para casa e encontrar o oficial que, segundo ele, havia dado a ordem, acreditando que Deus havia, como ele mesmo diz, "colocado em meu coração a reconciliação entre os militares e a população civil".
Esse passo corajoso o levou a convocar um Diálogo na Costa Rica em junho sobre "o papel dos militares no processo de paz". Participaram 22 pessoas das Américas e duas da África: O General Joseph Lagu, um líder guerrilheiro sudanês que agora é embaixador de seu país na ONU; e Alec Smith, que esteve intimamente envolvido no processo de independência do Zimbábue nos anos setenta.
Em setembro, os dois homens voltaram à América Central para uma conferência em El Salvador organizada pela Suprema Corte de Justiça em conjunto com o Rearmamento Moral. Esse evento foi realizado no Palácio da Justiça e sua abertura foi transmitida pela televisão nacional junto com as notícias sobre as últimas negociações do governo com os guerrilheiros da FMLN.
O Presidente da Suprema Corte, Dr. Mauricio Gutierrez Castro, descreveu "o elemento moral e espiritual como talvez o ingrediente mais fundamental de uma paz justa e sólida. Não se trata de uma questão de poder ou política, mas da necessidade de uma mudança em cada um de nós".
O General Lagu foi questionado na conferência por uma hora e meia e disse que, em sua experiência, os guerrilheiros não esperam inicialmente uma vitória militar, mas "querem que sua causa seja ouvida. Se você permitir que a crise entre em seu país, estrangeiros com seus interesses entrarão. Se você fizer a paz, eles se retirarão".
Um grupo de advogados norte-americanos participou do encontro e, em nome deles, Michael Olson, de Minnesota, disse que vieram com humildade, cientes dos erros e do paternalismo dos norte-americanos no passado. "A justiça", disse ele, "exige nossa participação pessoal e a escuta do chamado de Deus, muitas vezes por meio da voz dos oprimidos, dos pobres e dos impotentes. O diálogo não é apenas uma opção, mas um imperativo. Ele tem um valor em si mesmo, mostrando respeito pela outra pessoa". Um workshop sobre "escuta ativa" foi conduzido pelos conselheiros de mediação dos EUA, Larry Hoover e Beryl Blaustone.
Alec Smith disse aos repórteres da TV: "A história do meu país pode ser descrita como a história de 15 anos de negociações que fracassaram. O momento decisivo ocorreu quando pessoas de ambos os lados disseram: "Parem! Parem! As condições finais para a paz não eram tão diferentes das anteriores. O que era diferente era a determinação pela paz das pessoas que estavam ao redor da mesa".
Uma mensagem foi enviada da conferência para as atuais negociações de paz na Costa Rica. "Nossa experiência", dizia ela, "nos leva a pedir aos negociadores que reflitam em silêncio sobre o seguinte: em um acordo negociado, o resultado é sempre equidistante dos interesses de cada lado, mas favorece o que é justo para a grande maioria das pessoas".
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